
- Marco DaCosta
- Sep 10, 2024
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8h46. Acordei sobressaltado. Era 11 de setembro de 2001, o início de uma longa jornada em Nova York que duraria seis anos. Dividia um pequeno apartamento na Stanton Street com o amigo David Manich. Ele voltava de Los Angeles, eu do Rio, carregando sonhos e planos.
O verão estava em seu auge, com o céu azul e imenso. De repente, um ruído cortou o ar – mais alto do que o habitual das sirenes e dos vizinhos barulhentos. Fumaça no horizonte, gritos e lágrimas nos dias que se seguiram. Da calçada, testemunhei as torres sumirem no ar. Do outro lado do oceano, minha mãe acordava o amigo Silvio Barsetti: “Silvio, estão destruindo Nova York e o Marco está lá. Me ajude!” disse ela, desesperada. Silvio, ainda meio sonolento, achou que era apenas mais um filme de Godzilla. “Não, não é filme”, respondeu ela, tremendo.
E não era. Parecia roteiro de Hollywood, mas era a vida. Sobrevivemos àquele 11 de setembro e a tantos outros que se seguiram – furacões, epidemias, caos. Nunca peguei dengue, nem COVID, mas as doenças crônicas chegaram, a febre da juventude se dissipou, e até Dona Arlete, minha mãe, se foi, levando consigo sua eterna preocupação. Restaram dezenas de outras vozes, abraços que me acolhem.
Mas não desisto de viver nesse mundo instável. Nem aviões, pandemias, furacões. Seguimos resistindo. #11desetembro